"Enviou mensagem e respondi 'É o teu destino de vida'"

Confiança redobrada, resultados à vista, uma esperança crescente no regresso aos títulos a breve prazo. À margem da formalização do protocolo de cooperação para a Inclusão através do Desporto, André Villas-Boas, presidente do FC Porto, abordou vários temas da atualidade, do adiamento do encontro em Arouca contra a vontade dos dragões à passagem de José Mourinho para o Benfica, passando ainda pelo início da temporada com Francesco Farioli no comando dos azuis e brancos, pelos objetivos na Liga Europa que vai arrancar esta quarta-feira (depois de ter elevado em demasia a fasquia na última época) e pela detenção de mais três elementos casuais do Sporting no âmbito do violento ataque a adeptos portistas em junho.

“Estou satisfeito e não podia deixar de agradecer à equipa o compromisso e a sede de vitórias. Todos os portistas estavam ansiosos por receberem uma nova imagem por parte dos profissionais do FC Porto e isso tem acontecido fruto da transformação pessoal de cada um. Encontraram-se enquanto profissionais e conseguem agora, ao serviço de um novo treinador, pôr em prática todo o talento e capacidades. Essa transformação tem sido evidente. Os reforços vieram dar mais qualidade individual à equipa e o treinador tem estado excelente neste arranque de temporada. São os primeiros passos, o nosso objetivo é a conquista do título e para isso temos de continuar a ser competitivos e a ganhar em cada campo”, começou por frisar, antes de voltar a abordar a passagem do encontro em Arouca para a noite da próxima segunda-feira.

“O que aconteceu é uma quebra, uma ilegalidade e uma diferente interpretação do Regulamento das Competições. O FC Porto está a ponderar uma providência cautelar que pode, ou não, anular o jogo contra o Arouca. É preciso ter em conta a imprevisibilidade da decisão do TAD, que pode causar distúrbios na preparação do jogo, caso essa providência não tenha o resultado desejado. Tudo isso está a ser analisado. A nossa queixa formal avançou sobre o que nos parece ser uma infração dos regulamentos do quadro de competições e de uma decisão que o presidente da Liga acabou por tomar que, na nossa ótica, infringe os regulamentos. De todas as formas, o FC Porto estará pronto para qualquer adversário, em qualquer campo e a qualquer altura. Esse é o compromisso que temos de assumir”, apontou sobre as medidas cogitadas.

Se tivermos que ir a jogo vamos na máxima força mas a distância curta entre jogos e o não respeitar das horas necessárias para um jogo europeu lesa o FC Porto e o ranking de Portugal. É cada vez mais difícil ambicionar o sexto lugar no ranking da UEFA e temos o sétimo em risco. Tudo isso são considerações que a Liga deveria ter tido em conta mas parece que não as quis ter neste caso. Não podemos deixar de registar e de apresentar uma queixa formal”, apontou.

Em paralelo, o líder dos azuis e brancos comentou a passagem de José Mourinho para o Benfica poucos dias depois de ter estado como convidado especial dos portistas no Estádio do Dragão frente ao Nacional, onde foi ovacionado por todos os presentes. “Nunca foi uma hipótese. José Mourinho tem uma história com o FC Porto que será sempre eterna. Ele também poderia ser eterno no FC Porto mas é um profissional e tem que tomar as suas decisões e seguir o seu caminho. Neste momento é rival do FC Porto, treinador do Benfica. A história do FC Porto também se tornou grandiosa por vencer contra o maior rival e, nesse sentido, a partir de agora o José Mourinho terá a receção que terá qualquer treinador do nosso principal rival. Se vai ser aplaudido como treinador do Benfica no regresso? Seguramente que não”, referiu sobre o clássico do próximo dia 5 de outubro, ao mesmo tempo que confirmou o contacto do técnico antes de rumar à Luz.

Não foi um telefonema, foi apenas uma mensagem a comunicar-me que ia ser treinador do nosso rival. A partir daí não lhe posso desejar boa sorte. Esse é o seu destino de vida e a minha resposta foi algo do género: ‘É o teu destino de vida. Um grande abraço'”, contou Villas-Boas.

“Regresso à Liga Europa? Tínhamos altas expectativas para as competições europeias, como temos todos os anos. O nosso objetivo principal é recolocar o FC Porto no topo e para isso temos de estar nas melhores competições, temos de ganhar o título e estar na Liga dos Campeões. A Liga Europa tem uma história intimamente ligada ao FC Porto e temos um compromisso com a vitória mas a realidade é que na época passada as coisas não correram bem a nível nacional e internacional, na Liga Europa e no Mundial de Clubes, e a imagem que o FC Porto tem de dar é o oposto da que deu no ano passado. Esse é o compromisso que temos de assumir. Temos vindo a dar esses sinais nas provas nacionais e queremos transferi-lo para competições internacionais, sendo que o grande objetivo do FC Porto é ser campeão e essa é a obrigação que temos perante os nossos adeptos. O FC Porto reforçou-se para ser campeão e já ficou claro que há qualidade individual para lutarmos pelo título. É isso que ambicionamos mais do que nunca”, reforçou o líder portista.

Por fim, André Villas-Boas fez um breve comentário sobre as três detenções de adeptos radicais do Sporting na manhã desta terça-feira, ainda no âmbito do violento ataque a portistas após um clássico de hóquei em patins no Pavilhão João Rocha, já depois de outras três detenções no início da investigação. “Seguramente foram presos por tentativa de homicídio e não por tentativa de agressão. Há uma larga diferença. É um episódio triste, o FC Porto colocou-se imediatamente ao lado dos adeptos envolvidos nesse triste desfecho. Vocês sabem que só alguns meios de comunicação social deram a devida notoriedade a esse episódio, alguns preferiram omiti-lo e agradeço às autoridades competentes continuarem a investigação e de tentarem encontrar os culpados para que estes sejam devidamente penalizados”, concluiu.